sábado, 25 de abril de 2009

Como gelos

Mais uma vez, a noite lhe fazia companhia. Era fiel e agradável. Dessa vez, além da escuridão e do silêncio, trouxera também um copo de vinho com algumas pedras de gelo. Um vinho barato, encontrado em qualquer super mercado. Bebia mesmo em um copo comum. Achava taças muito formal e um tanto quanto entediante. Enquanto apreciava a noite em um relacionamento franco e sincero, dava leves goles no vinho, sentindo o gosto nada agradável daquele vinho barato. Pôs-se a olha fixamente o vinho em perfeita harmonia com os cubos de gelo. Cada espaço entre os gelos era preenchido cuidadosamente por uma fina camada de vinho. Camada que não deixava aqueles gelos se tocarem em momento algum.
A cada gole, reparava a diferença da cor do vinho com o passar do tempo. O gelo derretia e alterava a cor do liquido. Era a única mudança ao seu redor em horas. Os gelos ainda continuavam sem se tocar. A noite ainda é silenciosa. A vida ainda é parada.
Gole a gole fui me embriagando com o pensamento longe. Fui me embriagando com alguém que não conhecia. Embriaguez que nos aproximava, mas assim como os gelos, não podíamos nos tocar. Gelos que somos, continuávamos a degustar o vinho para que o mesmo acabasse e os gelos finalmente se encontrassem. Demorou horas até que finalmente todo o vinho tinha se acabado. Mas junto com o vinho, o gelo derreteu antes mesmo de se encontrarem.

2 comentários:

pentelhandomaisa disse...

Eu adoro vinho barato! Nada de vinho caro, vinho importado. Isso é coisa de gente fresca, hein? hahaha
E também não gosto de pedra de gelo em vinho. Isso é tão demodê. hahaha

Tá, tô enchendo o saco. É só o que sei fazer. Desculpae.

Beijos.

Giane disse...

Nunca ouvi uma descrição de um copo de vinho(mesmo que barato)tão fina igual a sua. rs
muito bom!:D