segunda-feira, 29 de junho de 2009

Os Olhos de um Sertanejo

O chão seco e árido contrastava com os olhos lacrimejantes do velho sertanejo ao olhar seu único filho sair de casa à procura de uma vida melhor.
"Vá com Deus, meu filho. Mande notícias", falava a mãe ao ver o filho se distanciando.
"Fique tranquila, mãe! Em breve vou voltar", dizia o filho virando-se para trás enquanto o pai permanecia calado. Sua vida miserável e sofrida ficaria pelo caminho. A jornada era grande até a cidade grande. Seu pensamento era único enquanto caminhava à passos largos: Vou mudar meu destino! _ Mesmo sem o total apoio de sua família, resolveu abrir suas asas e explorar o mundo. Pobre coitado. Esquecera antes de pedir pra suas pais o ensinarem a voar. Não sabia que a vida lhe seria assim, ainda mais sofrida. Foi obrigado a não enviar notícias à família. Tinha vergonha de contar o seu fracasso. Tinha pena de ver seus pais desapontas por conta do filho. Por outro lado, o velho sertanejo tentava tocar sua roça já sem vida sem a ajuda do filho. Se desdobrava a cada dia mais, mas ao passar do tempo a comida vinha em menor quantidade. Não queria falar, por conta do orgulho, mas o filho lhe fazia mais falta do que pensava.
Com o passar dos anos, a vida do jovem desbravador continuou rumo ao fracasso. Não havia mais jeito de permanecer como estava. Era hora de regredir. Voltar ao ponto inicial. Voltar pra junto de sua família de que não se tinha notícias desde sua partida. Não sabia como seria aceito. Não sabia o que esperar. Apenas queria voltar à sua vida normal.
Chegando à sua cidadezinha do interior, viu que tudo continuava do mesmo jeito, com excessão da velha pracinha agora reformada. A estrada para sua casa ainda estava em péssimas condições. Aqueles inúmeros quilômentros até seu humilde casa era um misto de angústia, emoção e dor. À cada passo sentia-se mais distante de seu futuro. Caminhava pensando a melhor maneira de contar de seu fracasso para seus pais.
A primeira visão que teve da casa era lastimável. A casa humilde estava aos pedaços. A pequena roça de seu pai não existia mais, era apenas mais uma parte do solo rachado do lugar. A porta estava entreaberta, mas não vira nenhum movimento. Entrou chamando por seus pais, mas sem obter respostas. Ficou apreensivo. Foi ao quarto de seus pais e encontrou apenas a velha cama coberta por um fino pano tomado pela poeira. Procurou por alguma coisa e achou uma velha caixinha de madeira em baixo da cama. Ao abrir encontrara apenas um bilhete escrito em papel de pão. Era escrito à mão, com uma caligrafia simples e trêmula. "Meu filho, não sei quando voltará, mas saiba que, aonde eu estiver, estarei sempre olhando pra você. Em qualquer canto estarei sempre contigo. Sua mãe e eu não estamos mais nesta casa, nem estaremos em outra. Durante sua viagem à cidade, a nossa pequena vila enfrentou uma onde de uma doença contagiosa. Não sabemos se seremos poupados da peste. Deus lhe abençoe, meu filho. Fique em paz"

2 comentários:

Giane disse...

chorei eugênio,chorei! =')

Unknown disse...

Cara por um instante pensei na musica daquela dupla. 1 filho e meio de Francisco.