domingo, 22 de março de 2009

Cartas brancas.

Sentado naquela mesa, deu um gole no conhaque e uma olhada nas cartas. Era um jogo bom para quem soubesse jogar. Os outros jogadores eram amigos ou conhecidos. Procurou disfarçar sua expressão alegre pelas cartas que recebera. Estava sozinho no jogo, mas com as cartas na mão esperando para serem usadas da maneira correta. Olhou o jogador ao lado e esboçou um sorriso. Confiando em seu olhar e sorriso, o jogador deixou o jogo. Ele permanecera ali. Sentado e fixo. Isolado daquela multidão que conversava e dava palpites sobre as partidas. Começou apostando alto numa tentativa de intimidar os jogadores restantes. Deu certo. Mais dois deixaram o jogo por conta do alto valor da aposta. Restaram apenas mais dois jogadores. Ambos aumentaram ainda mais o valor depositado ali na mesa. Os valores já superavam seu universo monetário. Aquela quantidade de dinheiro nunca tinha passado por sua mão, o que aumentou ainda mais seu desejo de vitória. Mas ele teria que cobrir a aposta, porém não sobrara nenhum tustão em seus bolsos. Todo seu dinheiro estava ali em cima daquela mesa. Seu salário humilde que mal dava para as despesas do lar estava em cima de uma mesa sendo disputado num jogo de sorte. Como último ato, colocara a chave de sua casa. Estava confiante na vitória. As pessoas ao redor o admiraram. Fizeram dele um rei, aumentando ainda mais seu ego. Um dos dois jogadores desistiu. Achou um absurdo aquele ato. O ultimo adversário estava ali na sua frente. Não tinha mais tempo para nenhum dos dois desistirem. O jogador abriu seu jogo. Um incrível Flush para o delírio dos espectadores e a surpresa do pobre trabalhador. Esboçando um leve sorriso, mostrou o seu jogo e surpreendendo a todos, mostrou um straigh flush que salvara o seu lar e, de alguma maneira, a sua vida.
Saiu daquele bar sorridente e alegre. Sabia que já tinha dinheiro suficiente para garantir um mês mais estável na sua casa, mas algo ainda o incomodava. Sem perceber, olhou uma última vez para o bar e viu aquele rapaz de quem ele acabara de ganhar uma nota preta. O rapaz estava incrédulo que perdera com aquele jogo. Buscava alguma explicação em qualquer coisa. O homem sorridente que tinha saído do bar deu lugar a um homem com expressão fechada e corpo paralisado do outro lado da rua. Resolveu voltar e, jogando o dinheiro adquirido na roda de cartas em cima da mesa, abraçou o jogador antes desesperado e agora confuso, e disse com uma voz fria e gélida algumas palavras que chocaram todos ali presentes: "Não posso levar esse dinheiro. Eu trapaceei. Adeus!”.

2 comentários:

Giane disse...

Ficou bom hein?!:]
e que legal que vc se mobilizou ao 'heart hour'. Achei um projeto interessante e importante!
E o fato dele te lembrar capitão planeta realmente nao tem nada a ver!oashosuahuao
e ah!temos uma pendência ao papel hein. Mas vai sair, melhor que a gente pré-imagina.

Beijosnaomeliga!

.má oliveira. disse...

O texto é maravilhoso, mas odiei o final! hahaha